terça-feira, 26 de março de 2013

Amo-te

Luzes que murmuram
palavras ternas sem sentido
toques suaves que não curam
todo o tempo perdido

respiro para dentro
e sufoco lentamente
mas ainda tempo mãe
para mais um lamento

duas palavras
e um tormento
um sussurro feito de tempo
um ferro em brasa
um adeus lento

"meu amor"
como eu lamento.


Para a Fátima que me deixou nos meus braços.
RIP

27-02-1970   -   24-03-2013
 

terça-feira, 28 de junho de 2011

Intervenção da Vontade

Ode ao Salgueiro Caído

sem vontade nem sorrir
espelhos distantes a saudar
o adeus ao primeiro
com beijos de voltar

e ligeiro o segundo
com promessas sem fim
de terra estranha
estranho o mundo sem mim

tropeças a cada zero
sentimento tenaz
palpitas entre curvas
tal como um bom rapaz

do tom ao silêncio
sem escalas de marfim
esmagar gente devagar
numa ausência assim

não é liberdade
mas sim como não
se me cortas as asas
não me levanto do chão

devagar eu corro
em terra abandonada
sem mim és miséria
sem mim vales nada

do tom ao silêncio
mas sim como não
de matar gente assim
vai longa a procissão

não é liberdade
amor apenas sim
se me cortas as asas
num mundo assim

e ligeiro o segundo
com promessas sem fim
de terra estranha
estranho o mundo sem mim


devagar eu sopro
da flauta abandonada
sem mim és miséria
sem mim vales nada.


quinta-feira, 31 de março de 2011

Strings of Blue



A minha primeira incursão musical, em qualquer
instrumento ou mesmo num piano irreal. Para ouvir em phones.

 

http://www.virtualpiano.net/

terça-feira, 29 de março de 2011

Diabos que espreitam

mestres sem dono
da oportunidade evidente
negoceias em entrelinhas
um olhar indiferente

assim a ilusão
da cauda ao focinho
com dentes agudos
no mesmo sorriso

coiote aparente
por verde e areias
um espelho meu
tudo em mim vagueias

não minto mais
a um destino presente
também eu mafarrico
sem mim será ausente.

quarta-feira, 23 de março de 2011

In vitro

em candeias magras o horizonte / ele pede-me com sal nem cor
grita em lá e chora em alegria / a solidão perversa da dor

veio devagar a promessa / a ritmo lento o futuro
em madrugada si sincera / perdida no vale escuro

tudo oferece e dó desespera / apenas luz no fundo
o sonho em amarras soltas / da alma outro mundo

e retorna o mar calado / meu sol ouve também 
o canto vestido em notas / mi possui e nada contêm.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Torga revisitado

Rôm

Ele estremece despercebidamente, as orelhas vibram com sons mudos do ser, a espiral surge na ponta escura. O pacto foi uma vez mais feito presente, um mundo de emoções subjectivas ao pequeno vocábulo, não o conjunto de letras ou outro elemento formal, mas uma tonalidade surda que nos orienta. Da falsa onomatopeia surge a ternura partilhada, numa palavra que nos devolve e recria emoções com promessas de futuro, conforto, de estar e ser, juntos somos avatares e espectadores desta vida hidrogenada. Não os define o substantivo, não funciona assim. Para ele, apenas esse compromisso, essa metade do acordo que me caracteriza mais a mim do que a sua omnipresença. Será confuso e doloroso um castigo assim, o pau transvestido de cenoura, a aliança negada. Somos tão orgânicos com o inho, e tão cegos e surdos como o nosso egoismo. Mas ele tem sorte e feitio que manifesta com liberdade e delicadeza em presas suaves, muito depois ser apenas gato feio, a mais suave das mentiras.
E novamente por breves instantes, ambos nos tornamos Rôm. 

sábado, 19 de março de 2011

Meu amor

Os olhos arrefecem 
quando em ti sonho
travam fundo e temem 

um fugaz retorno
um reflexo cinzelado
corvos que cantam
em pasto gelado
 

Nunca me abandonaste
e quando te reencontrar

também ausente
perco novamente
mesmo sem poder lutar

Asas negras do meu amor 
como um abraço longo
tudo em mim vai voltar

porque se de ti me esqueço
enfim, 
talvez não queira regressar.